No coração de uma floresta verdejante e aconchegante, morava um ursinho chamado Barnaby. Barnaby adorava brincar à luz do sol, caçar amoras suculentas e escalar árvores altas. Mas, quando a noite caía e as sombras começavam a dançar, um medo enorme tomava conta do seu pequeno coração peludo: Barnaby tinha um medo terrível do escuro.
Todos os ursinhos da sua idade já dormiam sozinhos em suas próprias tocas, mas Barnaby ainda dividia a caverna com a sua mamãe ursa. Ele se sentia envergonhado por isso, mas a ideia de ficar sozinho na escuridão gelada o paralisava de medo.
Um dia, Mamãe Ursa percebeu a tristeza nos olhos de Barnaby. Ela sabia que, para o seu filhote crescer forte e confiante, ele precisava aprender a enfrentar seus medos. Então, com muito carinho, ela disse: "Meu pequeno Barnaby, está na hora de você ter a sua própria toca. Ela fica bem pertinho da nossa, e eu sempre estarei por perto, mas é importante que você aprenda a ser corajoso sozinho."
Barnaby arregalou os olhos. A simples menção de dormir sozinho já o fazia tremer. Mas ele também via a ternura e a confiança no olhar da sua mãe, e isso lhe deu um pouquinho de coragem. Ele concordou, mesmo com o coração apertado.
Quando a noite chegou, a floresta começou a sussurrar com sons misteriosos. A lua, tímida, escondia-se atrás das nuvens, e a escuridão parecia engolir todas as cores. Barnaby se encolheu na sua nova toca, sentindo cada sombra se transformar em monstros assustadores na sua imaginação.
Ele ouvia o coaxar distante dos sapos, o farfalhar das folhas e o uivo longínquo de algum animal. Cada som parecia mais alto e ameaçador no escuro. Lágrimas quentes escorreram pelo seu focinho peludo. Ele queria tanto correr de volta para a segurança da caverna da mamãe.
De repente, Barnaby ouviu um suave "piu-piu" perto da entrada da sua toca. Era uma pequena vaga-lume, com a sua luzinha verde a piscar delicadamente.
"Olá?", sussurrou Barnaby, surpreso.
"Olá", respondeu a vaga-lume com uma voz fininha. "Eu sou Lumina. Ouvi você chorando. Está tudo bem?"
Barnaby, sentindo-se um pouco menos sozinho, contou à Lumina sobre o seu medo do escuro. Lumina escutou com atenção e, quando ele terminou, disse: "O escuro pode parecer assustador porque não conseguimos ver tudo, mas ele também é cheio de coisas maravilhosas, como as estrelas brilhantes e os sons suaves da noite. E você não está sozinho. Eu e muitas outras criaturas noturnas estamos por perto."
Lumina começou a voar pela toca de Barnaby, iluminando os cantos escuros com a sua luz suave. Ela mostrou a Barnaby como as sombras podiam ser apenas formas das árvores lá fora, movidas pelo vento. Juntos, eles observaram as outras vaga-lumes a piscarem na escuridão, criando um espetáculo de luzes dançantes.
Lumina também ensinou Barnaby a ouvir os sons da noite com mais atenção. Ele percebeu que o farfalhar das folhas era apenas o vento a brincar, e o coaxar dos sapos era como uma canção de ninar da floresta.
Pela primeira vez, Barnaby não sentiu tanto medo. A presença da pequena Lumina e a beleza que ela lhe mostrou sobre a noite estavam a acalmar o seu coração.
Com o tempo, Lumina precisou ir embora, mas ela deixou uma pequena faísca de luz na mente de Barnaby. Ele se lembrou das estrelas brilhantes que Lumina havia mencionado e espiou para fora da toca. Lá estavam elas, milhares de pontinhos de luz a cintilarem no céu escuro. Barnaby nunca as tinha notado com tanta atenção antes.
Ele respirou fundo, sentindo o ar fresco da noite. O escuro ainda estava lá, mas já não parecia tão ameaçador. Ele sabia que, mesmo que não pudesse ver tudo, a floresta continuava ali, com todos os seus sons e segredos. E ele não estava realmente sozinho.
Naquela noite, Barnaby adormeceu sozinho na sua toca. O medo ainda estava um pouco presente, mas a curiosidade e a coragem que Lumina o ajudou a encontrar eram mais fortes. Ele sonhou com vaga-lumes dançantes e estrelas brilhantes.
A partir daquela noite, Barnaby nunca mais teve tanto medo do escuro. Ele aprendeu que a noite, assim como o dia, tinha a sua própria beleza e encantos. E ele descobriu que, às vezes, a menor das luzes pode nos ajudar a superar os maiores medos. E, de vez em quando, quando a noite estava especialmente escura, ele sentia um pequeno brilho verde perto da sua toca, lembrando-o da sua amiga Lumina e da noite em que ele aprendeu a ser corajoso.
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