João e Maria



Era uma vez, à beira de uma floresta densa e sombria, morava uma família muito pobre: um lenhador, sua esposa e seus dois filhos, João e Maria. A fome era tanta que mal tinham o que comer. Certa noite, a madrasta, uma mulher cruel, convenceu o lenhador a abandonar as crianças na floresta para que tivessem menos bocas para alimentar. O lenhador, relutante, acabou concordando.

João, que era muito esperto, ouviu o plano. Na manhã seguinte, enquanto eram levados para o fundo da floresta, ele secretamente ia jogando pequenas pedrinhas brancas pelo caminho. Quando foram deixados sozinhos, João esperou a lua aparecer e, seguindo o rastro brilhante das pedrinhas, conseguiu levar ele e Maria de volta para casa.

A madrasta ficou furiosa ao vê-los de volta. Pouco tempo depois, a fome apertou novamente, e ela convenceu o lenhador a tentar de novo, levando as crianças ainda mais para dentro da floresta. Desta vez, João não conseguiu coletar pedrinhas. Em vez disso, ele esfarelou o pão que tinha no bolso e jogou as migalhas pelo caminho. No entanto, quando tentaram voltar, descobriram que os pássaros da floresta haviam comido todas as migalhas. João e Maria estavam perdidos.

Caminharam por dias, famintos e exaustos, até que avistaram uma casinha peculiar. Ela era feita de pão de mel, coberta de bolo e decorada com janelas de açúcar. Deliciados, João e Maria começaram a comer pedaços da casa. De repente, uma voz surgiu de dentro:

"Quem está mordiscando a minha casinha?"

A porta se abriu e uma mulher muito velha e curvada apareceu. Ela parecia gentil, mas na verdade era uma bruxa má que construía a casinha de doces para atrair crianças e depois comê-las. A bruxa os convidou para entrar, prometendo comida e uma cama macia. As crianças, ingênuas e famintas, aceitaram.

Dentro da casa, a bruxa mostrou sua verdadeira face. Ela trancou João em uma jaula, com a intenção de engordá-lo para um banquete. Maria foi forçada a trabalhar como empregada, limpando e cozinhando. Todos os dias, a bruxa pedia para João mostrar o dedo, para que ela pudesse sentir se ele estava engordando. João, esperto, mostrava um pequeno osso de frango em vez do dedo, e a bruxa, que tinha a visão fraca, caía na armadilha, reclamando que ele estava muito magro.

Depois de algumas semanas, a bruxa impacientou-se. "Gordo ou magro, não importa! Vou assá-lo amanhã!" disse ela. No dia seguinte, a bruxa acendeu o forno e disse a Maria para verificar se ele estava quente o suficiente. Maria, percebendo o perigo, disse que não sabia como fazer isso. A bruxa, frustrada, inclinou-se para dentro do forno para mostrar a ela. Foi então que Maria, com um empurrão rápido e forte, empurrou a bruxa para dentro do forno e fechou a porta.

A bruxa má foi assada em seu próprio forno. Maria correu para libertar João. Juntos, eles exploraram a casa da bruxa e encontraram baús cheios de tesouros: pérolas e joias. Eles encheram seus bolsos e partiram para encontrar o caminho de volta para casa.

Depois de uma longa jornada, guiados por um pássaro e por caminhos conhecidos, finalmente avistaram a casa de seu pai. O lenhador, que havia se arrependido amargamente de ter abandonado os filhos, estava em profunda tristeza, e a madrasta havia morrido. João e Maria foram recebidos com grande alegria e, com os tesouros da bruxa, nunca mais passaram fome e viveram felizes.


*Esse é um conto dos Irmãos Grimm. 

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